terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Nordestinos no poder

Lideranças do Norte e Nordeste assumem comando no Congresso Nacional


Estado de Minas
Publicação: 05/02/2013 08:12 Atualização:
 

Definidos os nomes dos deputados e senadores que comandarão o Legislativo nos próximos anos, ficou clara a força política dos representantes das regiões Norte e Nordeste.Com o poder de controlar grande parte da verba reservada para o Congresso e de fazer nomeações para milhares de cargos comissionados, 11 das 14 cadeiras nas mesas diretoras do Senado e Câmara serão ocupadas por parlamentares nortistas e nordestinos.
Entre os senadores, o domínio da turma lá de cima foi absoluto e nenhum representante das regiões Sudeste, Sul ou Centro-Oeste conseguiu lugar na Mesa Diretora.
Já na Câmara, a maior parte dos cargos ficou com parlamentares do Nordeste que terão três cadeiras. Mineiros e paulistas, representantes dos estados com maior número de deputados, ficarão até 2015 distantes do grupo que determina as prioridades de votações na Casa.
Na articulação dos nomes que vão ocupar as mesas diretoras, o peso de antigos caciques do cenário político das regiões Norte e Nordeste foi decisivo para garantir o apoio de outros parlamentares às chapas favoritas. No Senado, contando com mais da metade dos integrantes das duas regiões, dos 81 senadores, 48 são do Norte e do Nordeste e com o prestígio no meio político do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), foram poucos obstáculos para confirmar os nomes escolhidos para a Mesa.
Além da presidência do alagoano Renan Calheiros, das outras seis cadeiras, duas ficaram com senadores de Roraima, Romero Jucá e Ângela Portela, duas com os piauienses Ciro Nogueira e João Vicente Claudino, uma com Flexa Ribeiro, do Pará, e outra com Jorge Viana, do Acre.
Já na Câmara a divisão dos cargos de comando ficou mais equilibrada entre as regiões do Brasil, mas a maioria dos postos será ocupada por parlamentares do Nordeste. Eleito na tarde de ontem, Henrique Eduardo Alves (PMDB), do Rio Grande do Norte, terá dois colegas da região ao seu lado: Fábio Faria (PSD), também potiguar, e Maurício Quintella (PR), de Alagoas.
A Região Sudeste, que tem a grande maioria dos representantes da Casa, ficou com a vaga de 2º secretário da Mesa, assumida pelo fluminense Simão Sessim (PP). As duas maiores bancadas, de São Paulo e Minas Gerais, ficaram de fora na composição do grupo que toma as principais decisões da Câmara.
Para o cientista político Rudá Ricci, algumas pistas podem ajudar a entender o cenário no qual as bancadas do Norte e do Nordeste aumentaram seu espaço nos cargos de comando do Legislativo, mas o principal fator que determinou a composição das novas mesas diretoras está relacionado à influência de grandes caciques das duas regiões.
“No Senado principalmente, essa força fica mais clara, com um nome forte (do senador José Sarney) sendo substituído por outro de seu partido. Já na Câmara, tivemos a grande preocupação com a ameaça de que aparecesse um novo Severino Cavalvanti, dessa forma, os partidos menores dessas regiões optaram pelas alianças e apoiaram as chapas mais fortes”, avalia Rudá.
O fato de os grandes favoritos às vagas de presidente terem tido maior tempo para articular suas chapas também é considerado uma possível explicação para o domínio dos nortistas e nordestinos nas eleições internas das duas casas.
“Tanto na Câmara quanto no Senado os nomes para assumir os principais cargos já tinham sido negociados há tempos. Dessa forma, Renan e Eduardo conseguiram articular suas chapas e colocaram políticos aliados de suas áreas. Outra questão que percebo é a característica do PMDB de se deslocar para as áreas rurais do país. Mesmo tendo um poder econômico menor em comparação com o Centro-Sul, no Poder Legislativo a influência é significativa”, explica.