quarta-feira, 16 de julho de 2014

Casa dos Políticos

Por: Consciência Política

 Certa vez recebemos um e-mail com uma idéia, no mínimo, genial: tomando como base a inutilidade de programas como o Big Brother e A Fazenda o e-mail apresentava a seguinte sugestão: 1) colocar todos os pré-candidatos à presidência da República trancados em uma casa, debatendo e discutindo seus respectivos programas de governo; sem marqueteiros, sem assessores, sem máscaras e sem discursos ensaiados; 2) toda semana o público vota e elimina um; 3) no final do programa, o vencedor ganharia o cargo público máximo do país.

A idéia tem algumas vantagens: acabar com o enfadonho e repetitivo horário político; ajudar a população a conhecer o verdadeiro caráter dos candidatos; acabar com os casos de mensalão, caixa 2 e corrupção de empreiteiras ou empresas sob a alegação de cobrir o “fundo de campanha”, pois quem financiaria essa casa seria o repasse de parte do valor dos telefonemas que a casa receberia.

A idéia não é incrivelmente boa? Será que ela também funcionaria com os candidatos a prefeito? Casa dos Políticos, já!!!


NUNCA SE MENTE TANTO COMO:
ANTES DE UMA ELEIÇÃO, 
DURANTE UMA CAÇADA E
DEPOIS DE UMA PESCARIA


E não esqueça:
"O Congresso Nacional é um local que: 
se gradear vira zoológico, 
se murar vira presídio, 
se colocar uma lona em cima vira circo, 
se colocar lanternas vermelhas vira prostíbulo 
e se der descarga não sobra ninguém."



A RÉPLICA DO MILLÔR


Millôr Fernandes lançou um desafio através de uma pergunta:
- Qual a diferença entre Político e Ladrão? 

Chamou muita atenção a resposta enviada por um leitor:

- Caro Millôr, após longa pesquisa cheguei a esta conclusão: a diferença entre o político e o ladrão é que um eu escolho, o outro me escolhe. Estou certo?
Fábio Viltrakis, Santos-SP.

Eis a réplica do Millôr :

- Puxa, Viltrakis, você é um gênio... Foi o único que conseguiu achar uma diferença!

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Brasil: entenda uma das eleições mais importantes do mundo

Apesar de não ser uma superpotência militar, o Brasil é uma superpotência diplomática que vem usando os mecanismos democráticos para transformar as instituições mundiais, como a ONU, a OMC e a Internet
Por Nicolas Chernavsky
culturapolitica.info
O Brasil vem passando nos últimos anos por um processo interno e externo de descoberta. Ou seja, tanto dentro como fora do Brasil, tem se tornado cada vez mais próxima da realidade a percepção sobre o que é o país, seu nível de desenvolvimento, sua influência, sua história. Acontece que essa “descoberta” pode não ser somente uma descoberta, mas uma redescoberta. Por quê? Porque o Brasil já passou por uma fase assim antes, que foi interrompida pelo golpe de Estado que acabou com a democracia do país em 1964.
De 1930 a 1964, o Brasil passou por um processo de intenso desenvolvimento, que culminou com uma democracia de avançada qualidade para os padrões da época, nos anos 50 e início dos anos 60 do século XX (época em que, por exemplo, na Suíça as mulheres não tinham direito a voto, enquanto que no Brasil sim). Em 1964, o Estado dos EUA e alguns setores brasileiros organizaram um golpe de Estado que acabou com a democracia do Brasil, o que levou o país a várias décadas de muito mais reduzido desenvolvimento civilizacional. O povo brasileiro só pôde voltar a eleger direta e democraticamente seu presidente em 1989, 25 anos após o golpe de 1964.
Assim, após a redemocratização do Brasil, o povo do país pôde voltar a se organizar muito mais livremente em partidos políticos e movimentos sociais, com liberdade de expressão e manifestação. As sucessivas eleições foram fortalecendo a representatividade do Estado brasileiro, o que levou este Estado a beneficiar cada vez mais um conjunto mais amplo da população, sendo cada vez mais uma ferramenta para o desenvolvimento e cada vez menos um meio de manter privilégios. É nesse contexto de redescoberta nacional e mundial do real nível de desenvolvimento do país que serão disputadas as eleições gerais do Brasil em 5 de outubro de 2014.
O Brasil é um país presidencialista, sendo portanto as eleições presidenciais as mais influentes. Em 5 de outubro, além do primeiro turno das eleições presidenciais, também serão disputadas eleições parlamentares, que têm muita influência no comportamento do Estado brasileiro. Se nenhum dos candidatos presidenciais conseguir mais de 50% dos votos válidos no primeiro turno, será realizado um segundo turno em 26 de outubro deste ano. Os candidatos que provavelmente vão conseguir, somados, a grande maioria dos votos no primeiro turno são a atual presidenta do país, Dilma Rousseff, da coalizão liderada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), o senador Aécio Neves, da coalizão liderada pelo Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB), e o ex-governador do estado de Pernambuco Eduardo Campos, da coalizão liderada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB).
Ainda não é certeza se haverá ou não segundo turno, pois é possível que Dilma Rousseff vença no primeiro turno. Apesar disso, é bastante provável um segundo turno entre Dilma Rousseff e Aécio Neves. No contexto da história brasileira, a candidatura de Dilma Rousseff tem uma maior proximidade política com os setores sociais, econômicos e de comunicação que foram relativamente majoritários quanto à influência no Estado brasileiro de 1930 a 1964, enquanto que a candidatura de Aécio Neves tem uma maior proximidade política com os setores sociais, econômicos e de comunicação que organizaram o golpe de Estado de 1964 e foram relativamente majoritários quanto à influência no Estado brasileiro durante o último período ditatorial do país.

Compra das eleições

Por: * Manfredo Araújo de Oliveira
Ano de eleições decisivas para o país! Seguimos os movimentos dos partidos, dos candidatos, negociação sem fim, falta de propostas etc. Tudo pode ser muito emocionante, mas normalmente nos esquecemos de que na realidade não temos eleições que manifestem a vontade soberana dos cidadãos uma vez que elas são compradas pelos grandes grupos econômicos. Uma lei de 1997 liberou o financiamento privado das campanhas por interesses privados (uma vaga de deputado federal custa por volta de 2,5 milhões) o que fez com que os recursos empresariais constituam a fonte mais importante de financiamento das campanhas. A deformação financeira gera assim sua própria legalidade e transforma o poder financeiro em direito político. Desta forma o voto não representa mais o cidadão já que o processo eleitoral é deformado através de grandes somas de dinheiro.
O Prof. L. Dowbor em livro recente nos mostra um exemplo muito significativo: o caso da empresa Friboi, o maior grupo mundial na área de carne. Há uma bancada Friboi no Congresso com 41 deputados federais e 7 senadores que com uma única exceção votaram contra as modificações do Código Florestal. O próprio relator do código recebeu 1,25 milhão de empresas agropecuárias. Uma empresa não financia um candidato por solidariedade, mas em virtude das políticas de seu interesse que serão aprovadas através de seus votos. Os políticos caem numa armadilha lamentável: entre representar os interesses legítimos da população (o mote central das manifestações recentes) e assegurar a próxima eleição a decisão se impõe. Através disto é o próprio processo de decisão sobre o uso dos recursos públicos que de alguma forma é privatizado. A consequência terrível é que se perde a dimensão pública do Estado.
Trata-se claramente de uma apropriação privada da política que conduz a uma sistemática deformação das prioridades do país: os recursos públicos ao invés de serem investidos no que traz melhora da qualidade de vida são direcionados para o que traz mais lucro em termos de contratos empresariais. Um elemento importante neste processo é o sobre-faturamento. Quanto maior for o custo financeiro das campanhas maior será a concentração da pressão empresarial sobre os políticos em grandes empresas. Sendo as empresas poucas, poderosas e com muitas vinculações a políticos, a tendência é organizar a seu favor a estruturação dos contratos com duas consequências de enormes efeitos: a concorrência pública se torna um grande arremedo e a elevação radical dos grandes contratos. Isto faz com que os lucros alcançados sejam a base do financiamento das futuras campanhas de tal modo na realidade o próprio Estado se torna a garantia dos fundos para o financiamento privado das campanhas. Tal processo corrói pela raiz a gestão pública e deforma essencialmente a democracia o que gera a enorme perda de confiança da população nas dinâmicas públicas.
Experiências de outros países mostram que esta tragédia não constitui um destino inexorável. Por esta razão a recuperação da dimensão pública do Estado é certamente um dos desafios centrais do Brasil de hoje.

*Manfredo Araújo de Oliveira
Padre e filósofo. Professor na Universidade Federal do Ceará (UFC). Mestre em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, Itália, e doutor em Filosofia pela Universidade Ludwig-Maximilian de Munique, Alemanha. Assessor das Pastorais Sociais e padre da Arquidiocese de Fortaleza. É Presidente da ADITAL