Gercinaldo
Moura*
Quem trabalha não tem
tempo pra aprender, quem não aprende não pode entender muito. Daí que o
trabalho pode dignificar o homem, mas também pode brutaliza-lo.
Na Grécia antiga alguns
homens não trabalhavam, ocupavam as ágoras para discutirem temas inerentes ao
próprio homem como justiça, verdade, ética e outros. Mas, lá ficavam apenas os
que tinham o privilegio do tempo desocupado. A aqueles que precisavam trabalhar
para sua sobrevivência, sob o rigor das regras e jornada das relações do seu
trabalho, restava apenas o conhecimento pelo pouco do que se ouvia falar.
O que hoje conhecemos
como escola, teve seu embrião formado na antiga Grécia. A palavra escola tem origem
no grego: Scholé, que significa “lugar do ócio”.
Sócrates não se ocupou
muito com trabalho em sua vida, alias nem mesmo sequer escreveu alguma obra.
Ao longo do tempo
outros homens precisaram, mesmo contra sua vontade, tornar-se um desocupado
para tornar-se brilhantes com suas obras: Como é o caso de Maquiavel, que após ser demitido
do governo, desolado e desocupado em seu sitio, criou a obra mais importante
para a ciência política: O príncipe.
Somente através da
desocupação ou, para quem preferir, a redução do trabalho pode levar o homem a
produção do conhecimento, ou seja, o ócio intelectual produtivo, privilegio de
quem “não trabalha”, pelo menos em regime de escravidão, e tem tempo para pensar.
Desde os tempos mais
remotos aos dias atuais, a escola se reservou como um espaço privilegiado para
aqueles que podem exercer o ócio intelectual, e tem que ser assim.
A entrada de pessoas
das camadas mais baixa nas escolas é um fato relativamente recente. Na
universidade, então, muito mais recente. No Brasil os cursos universitários,
tradicionalmente, sempre funcionaram diuturnamente e as pessoas tinha que
trabalhar nestes horários, portanto quem trabalha não aprende, aprender é
privilegio para quem é desocupado, ou melhor, ocioso!
Enfim, quem “trabalha
muito”, “não sabe de nada”!!
Talvez se os
trabalhadores, no Brasil, trabalhassem menos, pudessem estudar mais, e descobrir coisas...
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