sábado, 13 de julho de 2013

Quem trabalha muito não sabe de nada!


Gercinaldo Moura*

Quem trabalha não tem tempo pra aprender, quem não aprende não pode entender muito. Daí que o trabalho pode dignificar o homem, mas também pode brutaliza-lo.
Na Grécia antiga alguns homens não trabalhavam, ocupavam as ágoras para discutirem temas inerentes ao próprio homem como justiça, verdade, ética e outros. Mas, lá ficavam apenas os que tinham o privilegio do tempo desocupado. A aqueles que precisavam trabalhar para sua sobrevivência, sob o rigor das regras e jornada das relações do seu trabalho, restava apenas o conhecimento pelo pouco do que se ouvia falar.
O que hoje conhecemos como escola, teve seu embrião formado na antiga Grécia. A palavra escola tem origem no grego: Scholé, que significa “lugar do ócio”.
Sócrates não se ocupou muito com trabalho em sua vida, alias nem mesmo sequer escreveu alguma obra.
Ao longo do tempo outros homens precisaram, mesmo contra sua vontade, tornar-se um desocupado para tornar-se brilhantes com suas obras: Como  é o caso de Maquiavel, que após ser demitido do governo, desolado e desocupado em seu sitio, criou a obra mais importante para a ciência política: O príncipe.
Somente através da desocupação ou, para quem preferir, a redução do trabalho pode levar o homem a produção do conhecimento, ou seja, o ócio intelectual produtivo, privilegio de quem “não trabalha”, pelo menos em regime de escravidão, e tem tempo para pensar.
Desde os tempos mais remotos aos dias atuais, a escola se reservou como um espaço privilegiado para aqueles que podem exercer o ócio intelectual, e tem que ser assim.
A entrada de pessoas das camadas mais baixa nas escolas é um fato relativamente recente. Na universidade, então, muito mais recente. No Brasil os cursos universitários, tradicionalmente, sempre funcionaram diuturnamente e as pessoas tinha que trabalhar nestes horários, portanto quem trabalha não aprende, aprender é privilegio para quem é desocupado, ou melhor, ocioso!
Enfim, quem “trabalha muito”, “não sabe de nada”!!
Talvez se os trabalhadores, no Brasil, trabalhassem menos, pudessem estudar mais, e descobrir coisas... 


* Professor da UFAL.

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