domingo, 1 de fevereiro de 2015

A face e os números do novo Parlamento

Homem, branco, na faixa dos 50 anos, com formação superior e patrimônio declarado acima de R$ 1 milhão. Veja o perfil dos novos deputados e senadores e saiba, entre outras coisas, quem são os mais ricos, os mais jovens e os mais experientes
Homem, branco, na faixa dos 50 anos, com formação superior, empresário e dono de patrimônio superior a R$ 1 milhão. Essas são algumas das características predominantes entre os novos parlamentares. Um perfil que não reflete a maioria da sociedade, mas que repete a histórica distorção das representações no Parlamento brasileiro. Problema esse agravado, sobretudo, pelos elevados custos de campanha. Em geral, elege-se quem arrecada e gasta mais.
Veja o perfil do novo Congresso:
O velho e o novo
Divulgação
Uldurico, o mais jovem do novo Parlamento
Bonifácio, o mais idoso entre todos
Aos 22 anos, o estudante Uldurico Júnior (PTC-BA), filho do ex-deputado Uldurico Pinto, é o mais jovem entre os novos parlamentares. No primeiro mandato eletivo, dividirá o plenário com o mineiro Bonifácio de Andrada (PSDB), de 84 anos, reeleito para a décima legislatura. Descendente de José Bonifácio, o Patriarca da Independência, o veterano mantém a tradição da família de ter um representante no Congresso ininterruptamente desde 1894.
Os deputados eleitos, por faixa etária
De cada dez parlamentares, quase sete têm mais de 45 anos de idade
De 22 a 25 anos – 8 (1,5%)
De 26 a 45 – 159 (31%)
De 46 a 65 – 302 (58,9%)
Acima de 65 – 44 (8,6%)
Os senadores eleitos, por faixa etária
Mais da metade dos recém-eleitos têm entre 46 e 65 anos
De 35 a 45 anos – 4 (14,8%)
De 46 a 65 – 15 (55,6%)
Acima de 65 – 8 (29,6%)
O mais e o menos votado

PSDB
Serra recebeu 11,1 milhões de votos
Carlos Andrade, na Câmara com 6 mil6.733 votos
De volta ao Senado após 12 anos, o ex-governador José Serra (PSDB-SP) alcançou a maior votação entre todos os congressistas eleitos. Foram mais de 11,1 milhões de votos no maior colégio eleitoral do país. Carlos Andrade (PHS-RR) é o deputado eleito com a menor votação do Brasil. Recebeu apenas 6.733 votos no estado com menor eleitorado do Brasil.Roraima tinha neste ano menos de 300 mil eleitores aptos para votar.

Negros sub-representados
Apesar de serem mais da metade da população, pretos e pardos elegeram apenas 20% dos parlamentares. Entre os novatos, está o baiano Bebeto Galvão (PSB), apoiado por lideranças do movimento negro. Ele também é sindicalista, bancada reduzida de 83 para 46 integrantes na próxima legislatura, conforme levantamento do Diap. Só 3% de todos os eleitos no Brasil em 2014 se declararam negros, como revelou a Revista Congresso em Foco.
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Bebeto Galvão, do movimento negro baiano
Uma Câmara de brancos
Mesmo representando mais da metade da população brasileira, negros e pretos são apenas 20% dos deputados eleitos
410 brancos (79,9%)
81 pardos (15,8%)
22 pretos (4,3%)

Mulheres continuam sendo exceção
A apresentadora de TV Brunny (PTC-MG), de 25 anos, é a mais jovem entre as 51 mulheres eleitas para a Câmara. Casada com um deputado estadual,ela engrossa a bancada dos parentes de políticos eleitos no Congresso.A representação feminina cresceu ligeiramente em relação à eleição de 2010, mas as mulheres continuarão ocupando menos de um décimo dos cargos legislativos federais.
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Brunny, a mais jovem entre as 51 eleitas na Câmara
Os reis da grana


Dos 513 deputados eleitos, 248 declararam à Justiça eleitoral possuir patrimônio superior a R$ 1 milhão. Na Câmara, o mais rico é o reeleito Alfredo Kaefer (PSDB-PR), que declarou possuir bens no valor de R$ 108 milhões. A maior fortuna do novo Congresso é de Tasso Jereissati (PSDB-CE), que volta ao Senado. O empresário informou ter R$ 389 milhões, o que representa mais de 80% do declarado por todos os 27 eleitos. Por outro lado, 11 disseram não possuir nenhum bem em seu nome, como a empresária Jozi Rocha (PTB-AP).

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Kaefer, patrimônio declarado de R$ 108 milhões
A bancada dos mais ricos
Dez partidos concentram 206 dos 248 deputados com patrimônio declarado à Justiça eleitoral superior a R$ 1 milhão

PMDB – 39
PSDB – 32
PSD – 24
PP – 23
PR – 18
PTB – 16
DEM – 15
PSB – 15
PT – 13
PDT – 11
Fonte: G1

 
Antônio Cruz/ABr
Jereissati, fortuna estimada em R$ 389 milhões
Os mais ricos no Senado


Mais de 80% dos R$ 479,6 milhões declarados pelos 27 eleitos pertencem ao ex-senador Tasso Jereissati, que volta à Casa. Veja quais são os cinco mais ricos dentre eles
Tasso Jereissati (PSDB-CE) – R$ 389 milhões
Fernando Collor (PTB-AL) – R$ 20,3 milhões
Acir Gurgacz (PDT-RO) – R$ 10,9 milhões
José Maranhão (PMDB-PB) – R$ 8,8 milhões
Wellington Fagundes (PR-MT) – R$ 8,6 milhões
Tiririca e os letrados
Tiririca, o de menor escolaridade
Mais de 80% dos parlamentares eleitos concluíram a faculdade, média muito superior à nacional. Segundo o TSE, menos de 4% dos eleitores têm curso superior completo. No Congresso de letrados, há pouco espaço para quem estudou pouco: somente quatro não terminaram o ensino fundamental. Só Tiririca (PR-SP) informou saber apenas ler e escrever. Único parlamentar da última legislatura a ter pós-doutorado, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) não conseguiu se reeleger. Primeiro senador da história do PT, ele deixa a Casa que ocupou nos últimos 24 anos.
A escolaridade dos deputados
De cada dez parlamentares eleitos, oito têm curso superior completo. Dos 513, somente Tiririca declarou saber apenas ler e escrever
Ensino superior completo – 411 (80,1%)
Ensino médio completo – 45 (8,8%)
Superior incompleto – 38 (7,4%)
Fundamental completo – 10 (1,9%)
Fundamental incompleto – 4 (0,8%)
Ensino médio incompleto – 4 (0,8%)
Só lê e escreve – 1 (0,2%)
Fonte: Revista Congresso em Foco/TSE
A escolaridade dos senadores
Entre os 27 eleitos, todos chegaram à faculdade e apenas cinco não concluíram o curso
Superior completo – 22 (81,5%)
Superior incompleto – 5 (18,5%)

Mídia Ninja
Jean segue como único parlamentar declaradamente homossexual
O confronto continua

Ag. Câmara
Após polêmica na CDH, Feliciano foi o terceiro mais votado em SP
Com votação dez vezes superior à obtida em 2010, Jean Wyllys (Psol-RJ) foi reeleito na condição de único parlamentar assumidamente homossexual. Segundo estimativa da ABGLT, 126 deputados eleitos têm afinidade com a causa dos gays. Outros 60 são reconhecidos como adversários. Entre os principais opositores, estão congressistas ligados a igrejas, policiais e militares. Com pelo menos 82 nomes na Câmara, os evangélicos seguem a tendência de crescimento. Em 2010, elegeram 78 deputados. O polêmico Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) foi o terceiro mais votado em seu estado. O ainda mais controverso Jair Bolsonaro (PP-RJ), militar da reserva, renovou o mandato como o campeão de votos no Rio de Janeiro.

A origem dos parlamentares
Levantamento preliminar indica perfil dos deputados eleitos e a força de algumas das principais bancadas

Empresários – 190
Ruralistas – 139
Evangélicos – 82
Sindicalistas – 46
Policiais – 20
Fonte: Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap)
Como se definem os senadores eleitos
Maior parte dos recém-eleitos declarou apenas ser político à Justiça eleitoral
Políticos – 10
Advogados – 2
Economistas – 2
Médicos – 2
Administradores – 2
Empresários – 2
Servidor público – 1
Outros – 6
Fonte: Revista Congresso em Foco/TSE
Rumo ao recorde

Miro se aproxima de recorde de mandatos na Câmara
Entre os reeleitos, apenas Miro Teixeira (Pros-RJ) supera Bonifácio de Andrada em número de mandatos. Na Casa desde 1971, o parlamentar fluminense participará de sua 11ª legislatura. Ficará a uma do recorde do ex-deputado Manoel Cavalcanti (BA), que cumpriu 12 mandatos. Ao todo, 198 parlamentares estrearão na Câmara em 2015.

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