(Por Ana Cunha)
Seja qual for a resposta, nenhuma me satisfaz...
É que hoje acordei me questionando qual o tipo de
política estamos vivendo. Em qual gostaria de viver? Qual seria a ideal?
A trilha sonora para os
meus pensamentos viria na voz de Renato Russo e eu, assim como ele, perguntaria
“Que país é esse?”. Mas os meus questionamentos nem chegam ao macro, nem passam
perto daquilo que estamos vendo pela televisão, de pessoas invadindo grandes
avenidas em protesto afirmando que o “Brasil acordou”.
Não sei se acredito que
acordamos de fato.
Não sei se acredito,
inclusive, que vivemos em uma democracia, já que alguma das características
principais de governos democráticos é o direito a liberdade de pensamento,
liberdade de expressão e, principalmente, a liberdade de escolha. Ou estou enganada?
Fato é que, a priori, a democracia seria o governo do
povo, pelo povo e para o povo. Mas, isso acontece na prática?
Quem lembra do início do
período republicano no Brasil quando nós, povo brasileiro, vivíamos debaixo de
um sistema chamado popularmente de coronelismo?
O sistema, caracterizado pelo mando e desmando dos coronéis, detentores de
posses e riquezas, tinha algumas peculiaridades, principalmente no que tange o
período eleitoral.
Os coronéis faziam
prevalecer suas vontades e seus interesses políticos, nem que pra isso fosse
preciso utilizar da violência física e moral. Assim, uma das primeiras
características desse período da república brasileira é o voto de cabrestro – onde os coronéis compravam votos para seus
candidatos ou os trocavam por benfeitorias.
Os locais em que prevalecia
esse tipo de política são chamados de currais
eleitorais. Lá, além da compra de voto, os coronéis também praticavam o que
hoje chamamos de assédio moral,
colocando seus capangas nos locais da votação para intimidar os eleitores a
votarem, não de acordo com a sua vontade, mas de acordo com os interesses
políticos dos próprios coronéis.
Outra característica
intrínseca ao período do coronelismo é a fraude
eleitoral, onde votos eram alterados, urnas sumiam e documentos eram
falsificados para que uma única pessoa pudesse votar diversas vezes em uma
eleição. Aqui, pasmem, até morto votava.
Segundo Francisco de Assis
Silva e Pedro Ivo de Assis Basto, no livro História
do Brasil: Colônia, Império e República, "o coronelismo, fenômeno
social e político típico da República Velha, embora suas raízes se encontrem no
Império, foi decorrente da montagem de modernas instituições - autonomia
estadual, voto universal - sobre estruturas arcaicas, baseadas na grande
propriedade rural e nos interesses particularistas."
Quantas dessas
características citadas acima são mantidas até hoje, apesar das transformações
que a nossa sociedade passou?
Cito também o período a
qual chamamos de ditadura, onde os direitos do cidadão foram cerceados,
tolidos. Sem liberdade de ir e vir, sem liberdade de livre manifestação de
pensamento, quanto mais liberdade de imprensa.
Hoje, chego a me
questionar sobre quem são os verdadeiros filhotes da ditadura. E vejo que, na
verdade, até aqui acreditei em uma coisa que não existia. Acreditei em certos
ideais políticos que, infelizmente, não existem.
Nem espectros políticos.
Direita, esquerda e centro é conversa para boi dormir. No fundo, no fundo, o
que existe (e se existir!!!) é oposição e situação. Para uns tudo, para outros
nada.
As situações que tenho
visto e vivido me fazem desacreditar na política. Certo estava quem disse que a
política corrompe o homem. Mas somente aquele que se deixa corromper (comigo
não, “roda viva”!).
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