sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Ditadura democrática ou democracia coronelista?

(Por Ana Cunha)

Seja qual for a resposta, nenhuma me satisfaz...
É que hoje acordei me questionando qual o tipo de política estamos vivendo. Em qual gostaria de viver? Qual seria a ideal?
A trilha sonora para os meus pensamentos viria na voz de Renato Russo e eu, assim como ele, perguntaria “Que país é esse?”. Mas os meus questionamentos nem chegam ao macro, nem passam perto daquilo que estamos vendo pela televisão, de pessoas invadindo grandes avenidas em protesto afirmando que o “Brasil acordou”.
Não sei se acredito que acordamos de fato.
Não sei se acredito, inclusive, que vivemos em uma democracia, já que alguma das características principais de governos democráticos é o direito a liberdade de pensamento, liberdade de expressão e, principalmente, a liberdade de escolha. Ou estou enganada?
Fato é que, a priori, a democracia seria o governo do povo, pelo povo e para o povo. Mas, isso acontece na prática?
Quem lembra do início do período republicano no Brasil quando nós, povo brasileiro, vivíamos debaixo de um sistema chamado popularmente de coronelismo? O sistema, caracterizado pelo mando e desmando dos coronéis, detentores de posses e riquezas, tinha algumas peculiaridades, principalmente no que tange o período eleitoral.
Os coronéis faziam prevalecer suas vontades e seus interesses políticos, nem que pra isso fosse preciso utilizar da violência física e moral. Assim, uma das primeiras características desse período da república brasileira é o voto de cabrestro – onde os coronéis compravam votos para seus candidatos ou os trocavam por benfeitorias.
Os locais em que prevalecia esse tipo de política são chamados de currais eleitorais. Lá, além da compra de voto, os coronéis também praticavam o que hoje chamamos de assédio moral, colocando seus capangas nos locais da votação para intimidar os eleitores a votarem, não de acordo com a sua vontade, mas de acordo com os interesses políticos dos próprios coronéis.
Outra característica intrínseca ao período do coronelismo é a fraude eleitoral, onde votos eram alterados, urnas sumiam e documentos eram falsificados para que uma única pessoa pudesse votar diversas vezes em uma eleição. Aqui, pasmem, até morto votava.
Segundo Francisco de Assis Silva e Pedro Ivo de Assis Basto, no livro História do Brasil: Colônia, Império e República, "o coronelismo, fenômeno social e político típico da República Velha, embora suas raízes se encontrem no Império, foi decorrente da montagem de modernas instituições - autonomia estadual, voto universal - sobre estruturas arcaicas, baseadas na grande propriedade rural e nos interesses particularistas."
Quantas dessas características citadas acima são mantidas até hoje, apesar das transformações que a nossa sociedade passou?
Cito também o período a qual chamamos de ditadura, onde os direitos do cidadão foram cerceados, tolidos. Sem liberdade de ir e vir, sem liberdade de livre manifestação de pensamento, quanto mais liberdade de imprensa.
Hoje, chego a me questionar sobre quem são os verdadeiros filhotes da ditadura. E vejo que, na verdade, até aqui acreditei em uma coisa que não existia. Acreditei em certos ideais políticos que, infelizmente, não existem.
Nem espectros políticos. Direita, esquerda e centro é conversa para boi dormir. No fundo, no fundo, o que existe (e se existir!!!) é oposição e situação. Para uns tudo, para outros nada.
As situações que tenho visto e vivido me fazem desacreditar na política. Certo estava quem disse que a política corrompe o homem. Mas somente aquele que se deixa corromper (comigo não, “roda viva”!).
Seja qual for o tipo de política que estamos vivendo, nenhuma me satisfaz.

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